O pato-mergulhão é uma ave nativa do Brasil que depende de áreas úmidas do Cerrado, como os poucos rios de águas rápidas e límpidas restantes.
Por isso, o Mergus Octosetaceus embaixador das águas brasileiras está entre as espécies mais ameaçadas.
Quais são as características do pato-mergulhão?
O pato-mergulhão tem o bico fino, longo, recurvo e com serrilhas próprias para capturar alimento. Por isso, o significado do seu nome científico “mergulhão oito cerdas”.
A sua primeira descrição foi no Século XIX, em 1817, pelo naturalista e estudioso das aves, o francês Louis Jean Pierre Vieillot. Portanto, o seu nome já vem dessa época.
Essa espécie tem um penacho nucal preto-esverdeado no macho e um menor na cor chocolate na fêmea, todos com uma silhueta baixa ao nadar. Além disso, são parentes:
- os cisnes;
- as marrecas.
O seu instinto de caçador e a sua visão são bem aguçados, e ele tem habilidades, como mergulhar por até 30 segundos. Ainda, ele tem uma grande marca na asa e pés vermelhos.
Ele vive em regiões serranas nos rios ou ribeirões com corredeiras e fundo areno/rochoso, onde seja raso e límpido. Assim, repousa em rochas, troncos e galhos caídos.
Trata-se um uma espécie com hábitos sedentários e que se sente ameaçada como a presença humana. Agora, assista a este vídeo e conheça o pato-mergulhador:
Qual é o tamanho do pato-mergulhão?
Essa ave exótica possui asas de 21 cm, cauda de 10 cm, bico de 3,2 cm em média e tarso de 4,2 cm. Porém, mede no total cerca de 55 cm.
O que o pato-mergulhão come?
A dieta do pato-mergulhão é, em resumo, de pequenos caracóis, enguias e peixes, como o lambari e larvas de insetos. Então, ele se desloca no leito do rio para caçar.
Qual é a distribuição geográfica do pato-mergulhão?
A presença dessa ave rara está restrita a poucas localidades, como Minas Gerais, Goiás e Tocantins. Porém, já houve registros em Mato Grosso, Paraná, São Paulo e Santa Catarina.
Na Argentina e no Paraguai, ele está extinto e, além disso, a sua população mundial é menor que 250 patos apenas em áreas brasileiras, como:
- Serra da Canastra e Serra do Salitre, com cerca de 140 animais;
- Chapada dos Veadeiros;
- Região do Jalapão.
É necessário uma pesquisa de campo para realizar um novo censo nesses locais, investigar áreas onde houve ocorrência, assim como outras ainda não mapeadas.
Como é a reprodução do pato-mergulhão?
O pato-mergulhão forma um único par para toda a vida, ou seja, ele é monogâmico, além disso, o seu período de reprodução é de junho a setembro.
O macho e a fêmea copulam por cerca de 15 a 25 segundos e formam ninhos em árvores ocas, fendas rochosas ou barrancos. Porém, a fêmea incuba enquanto o macho patrulha.
A postura é de 8 ovos branco-amarelados, com incubação por cerca de 30 dias e uma ninhada de quatro a seis filhotes. Contudo, após 6 meses, eles se dispersam dos pais.
Reprodução em cativeiro
A reprodução em cativeiro foi sucedida no Zooparque Itatiba, onde pela primeira vez no mundo ocorreu o feito com a ninhada de 4 filhotes. Portanto, esse manejo é possível.
Esse zoológico faz parte do Plano de Ação Nacional para a Conservação dessa espécie de pato desenvolvido por pesquisadores do ICMBio.
Por que o pato-mergulhão está em extinção?
O pato-mergulhão não tolera impactos ambientais, por isso, a grande ameaça é a destruição do habitat. Ou seja, alterações nos rios ou na estrutura do bioma, como:
- projetos hidroenergéticos;
- sedimentos na água pela retirada da vegetação ribeirinha;
- contaminação da água por poluentes.
O sucesso da sua reprodução em cativeiro reforça a esperança de salvar esse pato da extinção e mostra que essa é uma importante estratégia. Logo, isso requer uma política.
As mudanças do Código Florestal Brasileiro também ameaçam essa ave, pois a lei permite que haja menos vegetação nativa nas margens dos rios. Então, o risco é ainda maior.
Quais são as ações para a conservação do pato-mergulhador?
Em 2006, o IBAMA trouxe o Plano de Ação Nacional para a Conservação do pato com dados sobre a espécie. Ainda, defende as unidades de conservação.
Na ocasião, também abordou-se a realização de estudos para quantificar os impactos das atividades turísticas em locais de ocorrência da espécie, assim como:
- os impactos na economia regional;
- levantamento de espécies exóticas em habitat comum da ave;
- a criação de um programa de reprodução em cativeiro;
- estudos em genética e a criação de um banco de dados sobre a espécie.
Para visibilizar o risco de extinção desse pato, o ICMBio ministrou uma palestra no 8º Fórum Mundial da Água, em março de 2018.
O Instituto Terra Brasilis de Desenvolvimento Socioambiental, por exemplo, em 2008, iniciou um programa de monitoração na Serra da Canastra, em Minas Gerais.
A ação monitorou 29 indivíduos, os quais 19 jovens e 10 adultos, com idades aproximadas entre dois a três meses. Então, eles foram marcados com anilhas.
Foram colocados, ainda, rádios transmissores nas aves para a monitoração. Agora, assista a esse vídeo e veja a saga de pesquisadores para garantir a vida do pato-mergulhador:
Por que esse pato é o Embaixador das águas brasileiras?
Dentre as espécies de patos, essa espécie se destaca porque funciona como um bioindicador ambiental, ou seja, a sua presença indica um ecossistema em equilíbrio.
Ele depende das águas limpas de córregos e rios cercados por vegetação ciliar, assim como piscinas naturais e cachoeiras com as suas nascentes.
Foram essas particularidades que fizeram do mergulhão o “Símbolo das águas brasileiras“, em uma portaria assinada pelo ministro do Meio Ambiente Sarney Filho, em 2018.
Essa ação visa ajudar a conscientizar sobre os riscos a uma das aves aquáticas mais ameaçadas de extinção no planeta. Portanto, destaca o seu papel na natureza.
A assinatura foi anunciada pelo ministro no 8º Fórum Mundial da Água, então, a espécie foi definida como um termômetro da qualidade de nossas águas.
O documento, além da campanha de Embaixador, incluiu a iniciativa do Instituto Terra Brasilis junto com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMBio.
A espécie ganhou, dessa forma, um instrumento legal que a coloca em destaque no âmbito nacional para fortalecer as ações de preservação da ave.
Quais são os desafios futuros?
Garantir a preservação dos ecossistemas aquáticos, principalmente os rios e córregos é, portanto, um dos maiores desafios para refugiar os remanescentes.
É crucial, ainda, priorizar a monitoração, pesquisa e conscientização ambiental, além de implantar com urgência ações de conservação do Cerrado.
Uma política sustentável no uso dos recursos naturais para reverter a grave situação que gera a sua possível extinção é o caminho.
A modelagem de nichos ecológicos tornou-se uma grande ferramenta nos planos de conservação e estudos científicos, ou seja, essa é uma técnica moderna e promissora.
Os dados de presença dessas aves são atrelados a dados empíricos para, então, definir modelos teóricos ou projeções que combinam a sua presença ou não.
As variáveis consideradas são, por exemplo, a temperatura média anual, precipitação anual, amplitude térmica, índice de umidade topográfica, altitude e a precipitação sazonal.
Esse conjunto de variáveis, assim como outros fatores, determinam os modelos praticáveis para a espécie que é objeto de estudo para a sua preservação.
Estamos muito felizes com a sua leitura até aqui e esperamos que você tenha gostado de conhecer o pato-mergulhão. Por fim, explore a nossa página sobre pássaros exóticos.